Dossiê Vila Tupi.

Venho por meio desse blog lembrá-los que não morri. Estou aqui firme e forte, fazendo nada da vida e assistindo multishow todos os dias às nove da manhã, para depois dormir. Mas não é sobre isso que eu quero falar, meus amores.
Como todos sabem, saiu o resultado do PROUNI, que é um programa para pessoas pobres conseguirem uma bolsa de estudo em faculdades particulares. Que bom, não é mesmo? Todos os iludidos da minha velha escola pública estavam com fé em Deus, tendo a certeza de que iriam conseguir uma boa nota de corte e de que iriam colar no enem ( sim, alguns queriam colar) . Então, depois da decepção chamada ENEM, eu , Fabielle Costa, irei contar todos os podres e todo o sistema corrupto chamado Escola Estadual Vila Tupi (ou não). Peço que não me processem, queridos professores, funcionários e até mesmo alunos, senão eu irei até a delegacia levar todas as provas que tenho. Vamos lá:

Professora de Português: PASMEM, eu realmente não tenho nenhuma queixa para fazer dessa professora. Ela era a única que pegava no pé de todos os alunos da classe. Adorava indicar livros (óbvio) e por mais que eu escrevesse mal, me incentivava a continuar, principalmente aqui no blog, além das minhas crônicas sem sentido estilo Pedro Bial. Os alunos eram uns pamonhas que não estavam nem aí para a vida, só queriam ir à praia e ficar com câncer de pele, e depois, com a maior cara de pau, puxavam o saco dela com elogios baratos. Não vou jogar os nomes na roda porque tenho medo de ser espancada por esses marginais da facção PG.

Professora de Matemática: Aiai, minha querida e fofinha, mas se eu fosse uma aluna mal educada que nem os que realmente querem passar no vestibular, teria mandado você ir tomar no cu faz tempo. Me perdoa, mas que aula era aquela que ninguém entendia nada? Encontre tal ângulo. Tá, acabou? Explicava uma vez e tinha preguiça de explicar de novo. Ela sabia que a maioria tinha muita dificuldade em exatas e não tentava nenhum método de ensino novo, era sempre a mesma coisa, com ninguém entendendo nada. Ela jogava a fórmula na roda e pronto. Lembro bem o dia em que eu perguntei como resolvia tal problema e a senhora se recusou a explicar, com a desculpa de que queria fazer a chamada, de que fulano estava te enchendo o saco, de que sua filha estava te chamando e mimimi. NUNCA tinha tempo para explicar um problema que eu trazia de casa. Essa mulher era fogo, quando resolvia era na casa dela, já com a fórmula pronta, mas não explicava, pois estava atrasada na matéria e tinha que encontrar a porra do "X" . Affê, desabafei.

Professor de História: O querido professor socialista de história. Achavam que eu não sabia que ele era socialista com aquele papinho furado de "vamos viver em um mundo igual, tanta gente passando fome e blábláblá". Uma coisa são algumas aulas para refletir sobre a sociedade, outra coisa é ter mais da metade das aulas do ano sobre isso. Filmes sobre preconceito, debate sobre preconceito, pesquisa sobre preconceito, aulas sobre preconceito. Filmes sobre como vencer na vida, debate de como vencer na vida, ser mais do que a escola/governo. Aulas sobre o poder da mídia, debate sobre o vestido de Geyse. Olha, não vou negar, me daria bem em uma redação porque ele abordou todos esses temas, mas a pergunta é: aula de história ou redação? Ele dizia que a culpa era do sistema, do governo, que mandava material lixo, não tinha capacidade, etc. Ok, fofinho, mas me diga uma coisa, o senhor queria fazer uma revolução? Todos esses anos ninguém conseguiu, então eu me pergunto: Por que ele não dava a aula normalmente, ABORDANDO OS TEMAS DO LIVRO, existiam cinco aulas dele por semana, e nós ficávamos ‘noiando’, na maioria das vezes, falando sobre preconceito. Que lindo isso. Quando descobrem que um aluno foi preso por ter sido racista com alguém não sabem o porquê, né? Traumatizado com esse tipo de aula.

Obs: Quando esse sujeito começou a nos ensinar sobre a política brasileira foi divino, mas era uma aula sobre isso e outra sobre... Adivinha...

Professor de Geografia: Preguiça de falar dele, porque me lembro de seu rosto desanimado, que estava apenas esperando a aposentadoria sair para dar um pé na bunda daquela escola infeliz. Mas apesar de tudo, era um dos poucos que gostava de tirar minhas dúvidas durante a aula, eu levava qualquer tipo de dúvida que encontrava nos livros e ele me explicava. Parabéns, querido. Nota 7 pra você.

Professora de inglês: Muito gudi. Veri uel. Não que ela seja boa, parecia que ela era parente do Joel Santana. Uma vez eu perguntei como escrevia centésimo em inglês, e ela disse “ NOSSA, CENTÉSIMO? EU NUM SEI, PALAVRA DIFERENTE. NUNCA USEI ESSA PALAVRA, VOU VER NO DICIONÁRIO” A partir daí comecei a desconfiar. Bom, desde a quinta série não tinha nenhuma matéria nova, já que todos os professores não estavam nem aí pros alunos e como ela deixava todos colarem, não era tão ruim assim como PESSOA, risos. Não deixou ninguém ficar de recuperação na matéria, parabéns ( tudo bem que não existia recuperação na minha escola, né).

Professor de química: Deveria ir em uma fonoaudióloga, não sabia falar. Colocava a fórmula na lousa e explicava a matéria falando gírias. Ninguém conseguia compreender a sua língua, há boatos de que veio de Pandora, era um na’vi. Mas, apesar de tudo, não era um professor ruim, gostava de ensinar. Parabéns, velho.

Professora de física: Não tivemos até o final do ano, pasmem. Quando apareceu tirou licença porque engravidou. Então...

Professora de filosofia: Odiava as aulas dela. Ninguém gostava, não sabia explicar e queria dar uma de louca, como qualquer outro professor de filosofia. Pedia um TCC sobre um determinado assunto e faltava um mês seguido, depois aparecia com uma cara de pau.
Obs: Uma vez entregaram duas redações minha pra ela, acho que fiquei com duas notas. CHUPAAA!

Professora de sociologia: Também não tivemos até o final do ano. Quando apareceu ninguém queria aprender, mas eu gostava das aulas, não tinha muita coisa pra ensinar também. O cabelo dela era parecido com o da minha mãe. Tá, e daí?

Professora de biologia: Era tipo a Fernanda do Big Brother, forçava a amizade com todo mundo, mas era uma pessoa boa. Porém, não sabia explicar. Gente, é sério, quando eu falo “NÃO SABIA EXPLICAR” ,é porque o negócio era ruim mesmo. Ela pegava a apostila, o livro, passava uns exercícios meia boca e só faltava falar “Se vira nos trinta”. Às vezes se confundia com a própria explicação, mas faz parte, né? Sei que deveria estar frustrada com a escola, mas faz parte da vida.Força, querida.

Secretária (diretores, funcionários): Por último, a corja. Ninho de cobras que queriam tirar o emprego uns dos outros. A secretária negava folhas de sulfite para todos os alunos, assim como o grampeador, sendo que alguns levavam para ajudar a escola. O diretor era a pessoa mais arrogante que já conheci na minha vida, não conseguia resolver o problema de ninguém e botava moral de “eu sou foda”, assim como a vice-diretora, que nos proibia de sair mais cedo quando não tinha professor, porque ela queria que todos ficassem na quadra jogando vôlei que nem um bando de retardados. NÓS bolávamos aula. Toma essa! A única que realmente era digna de seu trabalho era a moça da biblioteca. Lembro bem quando eu ficava infernizando-a em sua sala, porque não queria ficar no intervalo. Os livros que eu pegava e não lia, porque dormia a tarde inteira. Aiai, bons tempos. Também tinham as multas, que na maioria das vezes eu não pagava. Ah, não posso esquecer das tiazinhas da limpeza, sempre simpáticas com aquele bando de alunos palmeirenses (porcos, oi).

Enfim, quando chegou o ENEM a decepção foi muito grande para todos. Confesso que não estudei praticamente nada e preferi ficar na internet, escrevendo coisas inúteis para o blog, por exemplo. Lembro bem o dia em que encontrei dois de meus amigos para debater uma e questão de química do Enem. Colocamos a mesma opção e falamos “ Nossa, acho que ta certa essa, né? Seria burrice demais os três colocarem e ela estar errada” Sim seria burrice demais, acertamos, foi burrice demais, porque estava errada. Quando vi o gabarito ri tanto que quase me sufoquei.
Mas a vida é assim mesmo, quem não estuda se fode e que se foda. Tenho mais esse ano e estava com medo de entrar pra faculdade, hm.

P.S: Os que dizem “ Estudar em escola pública não é desculpa, você tem que se esforçar” , nunca estudaram em uma que nem a minha, com professores que nem os meus. Então não julguem e vão se foder. Ou não.
Ah, ainda estou esperando a mini-gramática, que falaram que o Estado ia mandar pra gente, com as novas regras.
E-mail Del.ici.ous BlogThis! Technorati Compartilhe no Twitter StumbleUpon Compartilhar no Facebook Promova este post no orkut Share to Google Buzz

5 comentários

Maria Clara em 19 de fevereiro de 2010 às 09:25

ASGHASGBASHABSGASGASHASG meu professor de História do Brasil te dava aula, CERTEZA. Você me deu vontade de falar também de professores meus do ensino médio, mas e a responsabilidade jurídica? Haha.

E eu só comecei a ter filosofia na faculdade e meu professor era super gente boa :( quanto aos do ensino médio, PQP! sem comentários, mas sentimentos parecidos

Rodrigo em 19 de fevereiro de 2010 às 09:32

Meu ensino fundamental foi em escola pública e olha, agradeço por ter feito o médio em particular.
Era bem isso aí que você escreveu, mesmo.

Marcio Motta em 21 de fevereiro de 2010 às 10:41

Olha, o meu sonho de ser professor nasceu basicamente daí, Fabielle. Todo meu ensino básico foi em escola pública. Desse tempo todo só lembro de um ou dois professores que me faziam gostar de assistir aula e me fizeram aprender algo. Ensino médio todo trabalhando de dia e estudando à noite. Daí logo que me formei (2006) na escola prestei FUVEST e acertei 24 questões, revolta define. Fiquei no ócio no ano de 2007, sem esperança nenhuma, e sem poder, e nem querer, pagar faculdade com o que ganhava. Quando eu entrei no cursinho (2008) eu me senti assim igual à você, revoltado, não sabia NADA, tinham coisas ali que eu nunca tinha visto na minha vida, ao longo de 11 anos de ensino. Mas me compenetrei e me apaixonei pelos professores, AQUILO era aula. A arte de qualquer professor pra mim é ensinar pra quem não sabe, e não jogar tudo na cara dos alunos e mandar se virar. Bom, consegui, passei na USP e com minha nota do ENEM consegui bolsa na PUC. Escolhi o curso de Matemática da USP, porque o que quero agora mesmo é ser professor..sei lá, talvez pra tentar passar pra alguns algo que eu sempre senti falta.

Jaque de Mello em 24 de fevereiro de 2010 às 17:47

Nooooooossa Fabielle.
Eu to chocada.

Você realmente jogou este texto na internet? Para o mundo ver?
Méldéus, tenho medo de você.
oO

É sério gente, depois desse post eu jamais duvidarei da Fabielle... as coisas correm por ai hein?! Daqui a pouco todos os professores comentarão... e eu estarei aqui, acompanhando.

Muaaaaaaaaahahahaha.

Que babado. Dossiê Vila Tupi.

Breno Pires em 27 de fevereiro de 2010 às 09:00

o.o
nossa que tenso
eu so estudei de primeira a metade da terceira em colegio publico e metade do meu segundo
e sinceramente, era bem assim como voce falou
o povo fica falando que nao é desculpa nunca foram la ver como é
acho isso um absurdo
serio, ninguem merece

obs: to doido pros seus professores acharem este post e comentarem aqui. Vai ser um barraco bom
esperando pra ver